sábado, 12 de março de 2011

A visita

agir Deus, solidariedade, amor próximo


Ruth olhou em sua caixa de correio, mas só havia uma carta. Pegou-a e olhou-a antes de abri-la. Mas logo parou, para observar com muita atenção. Não havia selo nem marca do correio, somente seu nome e endereço. Ela decidiu ler a carta.
 “Querida Ruth, Estarei próxima de sua casa, no sábado à tarde, e passarei para visitá-la, com amor Jesus.”
As mãos da mulher tremiam quando colocou a carta sobre a mesa.
 “Porque o Senhor vai querer me visitar-me? Não sou ninguém especial, não tenho nada para oferecer-lhe...” pensou. Preocupada, Ruth recordou o vazio reinante nas estantes de sua cozinha.
 “- Ai, não! Não tenho nada para lhe oferecer-lhe, terei que ir ao mercado e comprar alguma coisa para o jantar.”

 Ruth abriu a carteira e colocou o conteúdo sobre a mesa: R$ 4,50. “Bom, comprarei pão e alguma coisa pelo menos.”
Ruth colocou um abrigo e se apressou em sair. Um pão francês, um pouco de peru e uma caixa de leite... Ruth ficou somente com R$ 0,12 que deveriam durar até a segunda-feira. Mesmo assim, sentiu-se bem e saiu a caminho de casa, com sua humilde compra debaixo de seus braços.
“- Olá senhora, pode me ajudar?”
Ruth estava tão distraída, pensando no jantar, que não viu duas pessoas que estavam de pé no corredor. Um homem e uma mulher, os dois vestidos com pouco mais que farrapos.
 “- Olhe, senhora, não tenho emprego. Minha mulher e eu temos vivido ali fora na rua.Bom, está fazendo frio e estamos sentindo fome. Se a senhora puder nos ajudar, ficaríamos muito agradecidos...”Ruth olhou para eles com muito cuidado. Estavam sujos e tinham mau cheiro e, francamente, ela estava segura de que eles poderiam conseguir algum emprego se realmente quisessem.
“ – Senhor, eu queria ajudar, mas eu mesma sou uma mulher pobre. Tudo que tenho são umas fatias de pão, mas receberei um hóspede importante para esta noite e planejava isso a ele.”
“-Sim, bom, sim senhora, entendo... De qualquer maneira, obrigado”, respondeu o homem. O pobre colocou o braço em volta do ombro de sua mulher, e os dois se dirigiram para a saída. Ao vê-los saindo, Ruth sentiu um forte pulsar em seu coração.
“- Senhor, espere.”
O casal parou e voltou à medida que Ruth corria para eles e os alcançava na rua.
“- Olhem, querem aceitar este lanche? Conseguirei algo para servir ao meu convidado”, dizia Ruth, enquanto estendia a mão, com um pacote de lanche.
“- Obrigado, senhora, muito obrigado.”
“- Obrigada, disse a mulher.”
Foi aí que Ruth pôde perceber que a mulher tremia de frio.
“- Sabe, tenho outro casaco em minha casa, tome este”, ofereceu Ruth.
Ela desabotoou o próprio casaco e o colocou sobre os ombros da mulher.
Sorrindo, voltou a caminho de casa...Sem casaco e sem nada para servir ao seu convidado.
“- Obrigada senhora, muito obrigada”, despediu-se o casal. Ruth estava tremendo de frio quando chegou à porta de casa.
Agora não tinha nada para oferecer ao Senhor. Procurou a chave rapidamente na bolsa, enquanto notava outra carta na caixa do correio. “Que raro, o carteiro nunca vem duas vezes em um dia”, pensou. Ela então apanhou a carta e abriu-a:
“- Querida Ruth. Foi bom vê-la novamente. Obrigado pelo delicioso lanche e pelo esplêndido casaco. Com amor : Jesus”. O ar estava frio, porém, ainda sem se agasalhar Ruth nem percebeu.

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